ATA DA VIGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 15.09.1987.

 

Aos quinze dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Nona Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear os cento e cinqüenta anos de fundação da Brigada Militar. Às dezesseis hora e vinte e oito minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Sinval Guazelli, Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul, neste ato representando o Governador, Sr. Pedro Simon; Dr. Alceu Collares, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Cel. PM Jerônimo Braga, Comandante-Geral da Brigada Militar; Cel. Pedro Marcant Júnior, representando o Comando-Geral do Sul; Cel. PM Anisio Severo Portilho, Subchefe do Estado Maior da Brigada Militar. Na ocasião, o Sr. Presidente informou, conforme documento em poder da Mesa, a ausência dos Vereadores: Antonio Hohlfeldt, Líder do PT, Jussara Cony, Líder do PC do B, Lauro Hagemann, Líder do PCB e Werner Becker, Líder do PSB. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ver. Raul Casa que, em nome da Bancada do PFL, disse que já se tornou tradição nesta Casa destacar o trabalho da Brigada Militar, porém neste ano o júbilo era redobrado em face do Sesquicentenário daquela Instituição. Discorreu sobre a fundação e os objetivos da mesma, de manter a ordem e auxíliar a justiça e a comunidade em prol do bem comum. O Ver. Jorge Goularte, como proponente da presente Sessão Solene e em nome da Bancada do PL, ressaltou alguns dos brilhantes serviços prestados pela Brigada Militar à causa pública, aos poderes constituídos, com heroismo e abnegação para manutenção da justiça. O Ver. Adão Eliseu, em nome da Bancada do PDT, disse sentir-se honrado em homenagear a Brigada Militar, no momento em que seus valores e métodos estão sendo vigiados e questionados pela comunidade. Disse que a Brigada Militar está integrada, no momento histórico em que vivemos e que conjuga seus esforços para poder prestar seus serviços à fim de melhorar o nível de vida da população tornando-o mais seguro. O Ver. Hermes Dutra, em nome de Bancada do PDS, saudou a Brigada Militar pelos seus cento e cinqüenta anos, através da poesia “Braços Abertos”, de José Hilário Retamoso, que simboliza o soldado à serviço da comunidade, dizendo da visão que tem a Brigada Militar e que ela existe para que seja cumprida a lei e mantida a ordem, e que sua finalidade é o bem público. Disse que esta Casa deverá aprovar projeto que autoriza o Município a construir um monumento para homenagear a Brigada Militar em razão dos seus cento e cinqüenta anos. O Ver. Clóvis Brum, em nome da Bancada do PMDB, saudou a Brigada Militar, falando do dia a dia do Brigadiano e expressando o seu reconhecimento pelo trabalho anônimo daqueles soldados, dizendo que a Brigada Militar assume o papel que lhe foi delegado, para a prestação de serviços em prol do povo gaúcho. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Cel. PM Jerônimo Braga, Comandante-Geral da Brigada Militar, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e vinte e oito minutos. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pelo Ver. Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”, Do que eu, Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene.

Não se farão ouvir e estão ausentes desta Sessão, de acordo com documento em poder da Mesa, os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Líder do PT, Ver.ª Jussara Cony, Líder do PC do B, Ver. Lauro Hagemann, Líder do PCB, e Werner Becker, Líder do PSB.

Com a palavra, o Ver. Raul Casa, que falará pelo PFL.

 

O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, constituiu-se uma tradição, nesta Casa, já centenária, destacar a nossa Brigada Militar. Este ano, todavia, o fazemos com redobrado júbilo, uma vez que comemoramos o seu sesquicentenário. Criada em 18 de novembro de 1837, com o nome de Corpo Policial do Rio Grande do Sul, pela Lei nº 7, sendo Presidente da Província Antonio Eusário de Miranda e Brito, em plena Revolução Farroupilha. Em seu artigo 2º, da sua lei de criação, diz que sua organização, disciplina e vencimentos serão os mesmos da tropa de primeira linha; e o artigo 3º explica, “esta força terá por fim auxiliar as justiças, manter a boa ordem, a segurança pública assim na Capital e seus subúrbios como nas Comarcas por destacamentos, não podendo ser distraída desses serviços exceto no caso de invasão de inimigo”.

A história é feita de reparações salutares e justiças tardias. Gratifica-nos o fato de traduzir o reconhecimento a que faz jus, o organismo militar do Estado em homenagem em tão boa hora lembrada pelo ilustre colega e companheiro, Vereador Jorge Goularte, Líder do PL. Nossa corporação, exatamente no ano glorioso de seu sesquicentenário, busca, com muito esforço e habilidade, tendo à frente o homem da estirpe e da envergadura moral de um Jerônimo Braga, melhores condições de trabalho, de sobrevivência e de aperfeiçoamento.

Sabemos que vive o mundo no momento as horas mais dramáticas de sua existência multi-secular, naufragam os sistemas, falem as ideologias, as mais engenhosas e promissoras doutrinas arquitetadas por filósofos, sociólogos e pensadores que colocam em prática através de homens de estado a sua vontade de acertar, mas falem, estão falindo, parece assistirmos ao funeral de uma civilização que eles próprios forjaram. Há uma ordem evidente neste mundo, o sol nunca deixa de nascer, o sol sucede o dia e a primavera ao inverno. Da mesma forma de seres inanimados, os seres vivos são estruturados de uma certa maneira, e o homem é a suprema obra da natureza e a grandeza do homem tem por base a moral e a ética. Aqueles que a desprezam podem ser grandes sábios, colossos de energia, mas nunca serão homens na verdadeira acepção da palavra. Quando se alia à firmeza, à moral e à ética, o cidadão e a entidade conquistam a consideração e a estima pública.

Seu patrão maior, Tiradentes, cuja morte arbitrária é um desses erros fatais da história, foi um herói, imolado porque tinha horror a opressão. Seu cadafalso é hoje o altar de civismo e que as gerações reverenciam como o símbolo do direito, da liberdade e da justiça. Mas não me canso de repetir sempre que se me apresenta a oportunidade para dizer que a grandeza de vossos ideais está no reconhecimento que cada um de nós tem, de que já entrais na luta, alimentados apenas com o devotamento de vossos ideais, porque na vossa luta a derrota é uma constante, porque enquanto houver amor e ódio, grandeza e mesquinharia, riqueza e pobreza, excessos sociais, injustiças, opressão e prepotência, haverá crime e haverá contravenção.

Vossa missão, para que tudo não se transforme num caos, missão tantas vezes incompreendida, é a de regular o ordenamento social, mesmo com o sacrifício de vidas dos homens que vestem esta gloriosa farda. E só neste ano, pelo que se lê nos noticiários, sucumbiram, na busca deste equilíbrio, 12 gloriosos integrantes da Brigada Militar. Quantos e quantos ainda vamos prantear ainda este ano. A vossa missão é proteger os que são ameaçados em sua liberdade, em sua vida, em seus bens e em sua honra, e isto implica em pesada servidão, diante de uma situação prática o policial regula por si sua conduta, deve dominar não só as próprias paixões, mas as daqueles que á rodeiam. Sua honestidade, sua independência e sua moderação, que não exclui a firmeza e o brio, deverá estar acima de tudo e sua autoridade será tanto maior quanto menos oportunidade tiver de dar a oportunidade à crítica e à censura. Na verdade a autoridade deve espelhar-se na moralidade. Só assim será respeitado e poderá exercer altivamente a sua missão.

É uma luta permanente; luta para defender uma pessoa ou um direito, para fazer respeitar um princípio, para fazer cessar um arbítrio, para desmascarar uma impostura. Na missão do policial se desenvolve uma espécie de magistratura; em tais combates podem viver todos os estados passionais; o entusiasmo, a indignação, a cólera, o desespero, o desprezo, a piedade, mas sem dúvida, está obrigado à moderação e ao respeito por todos estes sentimentos. Tanto mais será sua autoridade quanto maior calma mostrar perante a contínua trepidação a que está exposto no cotidiano. É o reflexo de uma moral consagrada pela consciência de 150 anos de história, temos fé e acreditamos no vosso trabalho.

Sentimo-nos, nós da Frente Liberal, do Partido da Frente Liberal, orgulhosos e engrandecidos em homenagear a nossa força pública militar e impulsioná-los com o nosso apoio em vossa caminhada.

Tenham certeza, Srs. homenageados, de que os que menos estão à altura do verdadeiro significado dos problemas existentes são, em regra, os que se mostram mais intransigentes e escandalizados com a realidade que nós vivemos. Esta é, repito, a homenagem de nossa Bancada à Brigada Militar do Rio Grande do Sul. A solidariedade que esta Bancada vos empresta é a retribuição ao vosso empenho diante de uma realidade fática. Recebam, pois, nosso apoio, nossa solidariedade e nossa gratidão. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, a Mesa concede a palavra ao Ver. Jorge Goularte, autor da Proposição, que falará em nome de sua Bancada, o PL.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente; meu querido amigo vice-Governador; Sr. Prefeito Municipal; Sr. Cel. Jerônimo Braga; Sr. Cel. Pedro Marcant Júnior, que representa o Comando Militar do Sul; Cel. PM Anísio Severo Portilho, meu querido amigo de muitos anos; Srs. Vereadores; Srs. Oficiais da Brigada Militar; Srs. Praças da Brigada Militar; funcionários civis da Brigada Militar que eu, daqui, mando meu abraço e os votos de que permaneçam como iniciaram: lutando pelo bem comum de nossa terra.

Pela Lei Provincial nº 7, de 18/11/1837, em plena Revolução dos Farrapos, e por isso fiz esta homenagem à Brigada Militar, fiz questão de que fosse nesta semana porque, para mim, há uma identificação muito grande da nossa Brigada com a luta dos Farroupilhas. Criado, pelo então, Presidente da Província Antônio Elziario Miranda e Brito o Corpo Policial da Província - e como disse Raul Casa tinha - 360 Praças, a sua organização, disciplinar e vencimento serão os mesmos da tropa da 1ª Linha. “ A missão será auxiliar a justiça, manter a boa ordem, a segurança pública da Capital, dos subúrbios e das comarcar, não podendo ser distraída deste serviço exceto em caso de invasão de inimigos”. O Corpo Policial de província tomou parte na Guerra do Paraguai, durante este tempo o policiamento foi feito por um corpo provisório.

Em 1873, pela Lei nº 874 foi extinto o Corpo Policial e criado a Força Policial da Província. Em 9 de julho de 1889 passa a denominar - Brigada Policial, depois Guarda Cívica e em 15 de outubro de 1892 Brigada Militar.

A Brigada Militar tem uma folha de brilhantes e inquestionáveis serviços à causa pública. Admirável a presença da Brigada Militar ao lado dos Poderes constituídos, pugnando com heroísmo e abnegação pela manutenção da justiça e o direito. Passou por diversas transformações e sua organização foi cimentada com o sangue daqueles que, nas primeiras refregas, tombavam na defesa da ordem e das leis, e digo eu, como hoje ainda acontece.

Palmilhando o Estado em todas as direções e transpondo as fronteiras, integrando a legendária divisão do norte na histórica marcha Santa Catarina em perseguição às forças do Caudilho Gomercindo Saraiva, tomou parte nas batalhas mais importantes que se travaram em Salsinho, Ibiruí, Inanhaduí, Upamoroti, Piraí, Serrilhada, Bicui, Mato Castelho, Blumenau, Passo Fundo, Bagé e tantas outras. Conquistando respeitos inquestionáveis. Após a Revolução Federalista do Rio Grande, experimentou um longo período de desenvolvimento o nosso Estado. Entre tantas, a Brigada Militar, as teve ativa, brilhante, estabelecendo a tranqüilidade para que o trabalho permanecesse altivo e o nosso Estado crescesse em paz. Em 23, houve a Revolução Assisista e ali a Brigada Militar, teve participação brilhante, como não poderia deixar de ser. O sistema eleitoral, na época, era falho e as eleições eram taxadas de fraudulentas, e a Brigada teve que sair em defesa do nosso Estado para combater posições rebeldes em várias partes do nosso Rio Grande.

Sr. Comandante, nós, os Vereadores de Porto Alegre, em sua imensa maioria, somos 33 e 29 deles, estão aqui a prestar uma homenagem merecida à Brigada Militar, a qual, desde seu primeiro comandante até o atual, um homem de comunicação, colega de aula do querido Raul Casa, que tem, apesar das dificuldades existentes, a obrigação de cumprir ordens que muitas vezes não são entendidas por pessoas inconseqüentes que não entendem o significado da autoridade que a Brigada Militar defende. Desde a sua criação, nas refregas que teve em 23, em 30, em 32, a Brigada Militar demonstrou em todas elas a bravura do gaúcho, o sentido da disciplina, da organização.

Como Sargento do nosso Exército Brasileiro que sou e pelas amizades que tenho com a Brigada Militar, é do coração que passo a falar, neste momento, sem ler o discurso que na realidade nem leio bem, até leio mal. Gosto mais de falar do coração. E, com o coração, meu Comandante, queremos dizer que compreendemos as dificuldades da Brigada Militar, da falta de material, da falta de equipamento, da falta de combustível. A população, a grande maioria da população sabe o valor da Brigada Militar. O valor que ela tem intrinsecamente, a organização como um todo. Há pessoas que erram na Brigada Militar? Sim! Há, algumas, poucas. Há pessoas que excedem no cumprimento do dever? Pouquíssimas, sim! E, eu pergunto: em que organização do mundo não há pessoas que erram, e, erram muito mais, muitas vezes sem sequer acertar como faz a Brigada Militar? A Brigada Militar, quando cumpre uma ordem recebida, tem que ter a tranqüilidade - como disse o Ver. Raul Casa - de dirimir posições antagônicas e muitas vezes incontroláveis. A Brigada Militar tem que segurar a ganância dos demagogos, dos aproveitadores, dos insufladores, políticos da pior espécie que, na incapacidade de vencerem por si mesmos, procuram insuflar a massa para tirarem vantagens eleitoreiras. Ora, quando morre um marginal, as manchetes são enormes e de primeiras páginas, porque aquele marginal foi morto de maneira estúpida. E eu pergunto: e quando morre um policial, onde às vezes saí uma simples notícia num fim de página.

Por isso com o maior prazer porque propus esta homenagem, que é simples, pois quis que fosse simples, mas que tem aqui, hoje, para alegria minha, o Governo do Estado, representado pelo meu querido amigo Guazelli, e o Comando Militar do Sul, pelo meu querido e fraterno amigo - digo isso de coração - Edison Boscati Guedes, um “gentlelmen” que não merece receber represálias numa homenagem, e que aqui foi repudiada pela imensa maioria da Casa. E até quero agradecer aos partidos que hoje não se fazem presentes pela postura que tiveram. Isso é válido, se não querem participar, tudo bem. Mas, me parece que a imensa maioria está aqui. Dos 33, estão 29, que representam a quase totalidade da população de Porto Alegre, e a quase totalidade dos votos, nesta homenagem que estamos a fazer, abrilhantada pelo discurso brilhante do Ver. Raul Casa, que é um “expert” nesta matéria. Eu já sou mais do combate de tribuna, da discussão do dia-a-dia.

Meu caro Comandante Jerônimo Braga, receba de todos nós, a nossa homenagem em nome de toda a corporação. Saiba que os representantes do povo de Porto Alegre são reconhecidos à Brigada Militar, profundamente reconhecidos. Temos a certeza que as dificuldades de agora vão ser superadas com a mesma bravura e civismo da Brigada do passado, de Aparício Borges, de Peracchi Barcelllos, e de Jerônimo Braga. Jerônimo Braga, que, sendo um homem de comunicação, se comunica tão bem com a população de Porto Alegre.

Por isso, meu comandante, estamos aqui a postos. A Brigada Militar que tem, aqui, dois representantes, o Ver. Adão Eliseu e o Ver. Wilson Santos, tem neste sargento do nosso Exército Brasileiro um aliado, um amigo para todo e qualquer momento e não ficará jamais sem defesa nesta Casa. Porque o que importa é o bem comum, é o bem que a Brigada Militar brasileira presta ao Rio Grande, a Porto Alegre, apesar das dificuldades que têm, e que devem ser superadas, esperamos nós. Sabemos dos números de vagas que o Comandante, há poucos dias, prestou conta neste sentido, sabemos dos parcos vencimentos recebidos, sabemos das dificuldades materiais.

Por tudo isso, digo de alto e bom som: viva a nossa Brigada Militar! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adão Eliseu, que falará em nome do PDT.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Oficiais, Praças, minhas senhoras e meus senhores, o fato de não termos sido nós o requerente desta Sessão Solene, desta homenagem revela, de início, a simpatia que goza a Brigada Militar entre a maioria dos Vereadores desta Casa que, como bem disse o Ver. Jorge Goularte, representam um manancial de votos e de opiniões de nossa capital.

Senhores, desde o início dos tempos se viu na necessidade de se organizar em grupos, de organizar a sua própria segurança, para fazer frente à própria natureza, a natureza hostil lá no nascedouro do nosso homem terrestre, lá no nascedouro da humanidade. E o tempo foi passando e o homem se viu às voltas com outros problemas, porque, a partir do momento em que alguém, lá no longínquo passado, pronunciou a expressão, dizendo: isto é meu, surgiu o conflito, por que outros fizeram a mesma coisa e, a partir desse conflito, o ser humano se viu às voltas com outras necessidades. Necessidades de organizar a sua segurança e a segurança de sua posse, segurança do espaço conquistado e pensou, planejou e organizou a sua polícia rudimentar e organizou a sua segurança. Lá estava nascendo a semente do capitalismo. Lá estava nascendo a semente das sanções humanas. Lá estava nascendo a semente daquilo que viria centenas e milhares de anos depois formar o capitalismo e faria com que os homens se digladiassem por causa da posse do seu pedaço de terra, por causa do seu espaço conquistado. E aí, senhores, está a validade e foi o homem que escolheu. E aí está a validade da existência da polícia, seja ela civil ou fardada, seja ela civil ou militarizada. E, a partir deste momento, senhores, as coisas foram avançando, progredindo, e o crime foi progredindo também. O progresso humano fez com que os órgãos de segurança também fossem se aprimorando.

Mas, vejam bem, houve evolução, de uma forma demonstrada rapidamente, da necessidade dos órgãos de segurança para manter o patrimônio particular, para manter o patrimônio público e para manter a própria vida.

Pois o momento em que atravessamos, dando um salto no tempo, na conjuntura atual, depois de passarmos por refregas, depois de termos enfrentado problemas, em nosso País, chegamos num ponto em que a polícia é questionada. Chegamos num ponto em que o comportamento do policial é questionado pela população, é questionado pelos contribuintes. Srs. companheiros da velha Brigada Militar, isso é bom. Há pessoas que concordam conosco e há pessoas que discordam de nós, do nosso tipo de trabalho, do nosso comportamento. É necessário se estabelecer, também na segurança pública, os dois princípios dialéticos, que estão contidos em toda a atividade humana. Se não formos fiscalizados pela população, que nos paga, não saberemos se estamos agindo certo ou não. O que seria do motorista, e do automóvel, se existisse apenas o acelerador sem o freio, para fazer o carro refrear seus ímpetos nos momentos adequados?

Srs. Vereadores, Srs. membros da Mesa, questionamos a nossa polícia militar. A maioria concordou com a homenagem, uma pequena minoria não concordou, e devemos respeitá-los. Seria muito pior se fizessem aqui o que foi feito, num determinado momento, na Assembléia Legislativa: convidar para repudiar. E seria mais grave ainda, se o fizessem num momento em que se festeja, os cento e cinqüenta anos de uma corporação, cuja folha de serviços prestados ao Estado e ao País é a melhor possível, é excelente.

Nós tivemos a oportunidade, nós, brigadianos, tivemos a chance que a história nos deu, de nascermos com o cheiro de terra, de nascermos com o cheiro de mata, de nascermos com o cheiro do campo de nosso pampa, de nascermos com o cheiro do nosso Rio Grande do Sul, no momento em que estava sendo forjado um Estado, que se tornou um dos mais importantes da federação, nos momentos em que as refregas e as lutas temperavam o nosso vil metal, transformando-nos em metal mais puro. Lutamos por este Rio Grande e por este Brasil em 23, lutamos em 24, lutamos em 25 e fomos até o norte e o nordeste, aonde era necessária a presença da Brigada Militar aqui do sul, a Brigada Militar dos gaúchos. Atendemos várias vezes ao grito da Pátria! Tomamos uma posição democrática em 61, porque nos constituímos, quer queiram quer não queiram, no pequeno grande exército que modificou as opiniões nos momentos difíceis por que passamos. Mobilizamos as opiniões do país inteiro no sentido da defesa da legalidade, como foi sempre o papel precípuo da Brigada Militar. Atravessamos 64, enquadrados como somos, como reservas do exército nacional e, sob o comando do governo do Estado, cumprimos ordens. Fizemos mal? Isto a história dirá, isto a história julgará. E julgará não o nosso comportamento, mas o comportamento daqueles que deram as ordens para que fossem cumpridas. E foi assim não só em 64, como de resto em todos os nossos 150 anos de existência!

E, agora, a Brigada Militar, ciosa de sua ação na história, ciosa de sua posição na história, enquadra-se, mais uma vez, na realidade cotidiana do nosso País, assume as obrigações nos momentos difíceis pelos quais passou e passa o Estado, a manutenção da segurança ostensiva e preventiva, dividimo-nos por este Rio Grande a fora, espalhando-nos pelos campos, matas, ruas dos nossos grandes centros urbanos tentando manter a ordem, tentando cumpri-las com todo o rigor, com toda a educação, fazendo jus a nossa formação de policiais militares, mantenedores da ordem, descontentamos alguns, mas contentando muitos.

É preciso, como vimos desde o início dos tempos, e não podemos prescindir disso, que tenhamos uma polícia capaz de manter a ordem, sob pena de estarmos ingressando em uma vida caótica, o que não será bom para ninguém.

Senhores membros da Mesa, Srs. Vereadores, companheiros de 35 anos de caserna, é uma satisfação para mim, poder assomar a esta tribuna com a incumbência de representar o meu partido, neste momento em que o comportamento das polícias são vigiados, comportamento questionado. Foi uma honra para mim representar o PDT e também representar a Associação dos Moradores do 4º Distrito, representada pela figura de seu presidente, que me pediu, nos corredores da Casa, que o fizesse, o Ver. Jaques Machado. Vejam que contentamos muitos e descontentamos poucos, essa é a missão, esse é o nosso papel, essa é a posição na história, no momento desse enquadramento da Polícia Militar do Rio Grande do Sul neste momento em que ela se enquadra na realidade vigente nós, Vereadores, muitos presentes, temos e estamos participando de reuniões de associações de bairros onde a população está pedindo a presença da Brigada, onde a população, ciente da precariedade dos meios e do pequeno efetivo da Brigada Militar está cooperando, está ajudando a construir o quartel, está ajudando nosso Prefeito Municipal a construir um quartel condizente no Bairro da Restinga para abrigar a 4ª Companhia do 1º BPM. Providências tomadas pelo Comando da Brigada atual.

Temos participado, alguns Vereadores, de reuniões às terças-feiras com a comunidade, onde se estuda o novo tipo de policiamento, porque a Brigada Militar está enquadrada no momento histórico em que vivemos. É um policiamento integrado, de uma forma tal, em que a comunidade participa da construção do prédio, participa, Sr. Vice-Governador da recuperação das viaturas, da manutenção dessas viaturas, em termos de combustível, pois precisa da presença da Brigada Militar e principalmente num momento em que os valores estão invertidos, em que os heróis são os bandidos, e em que os policiais são as vítimas que estão sendo questionadas a cada momento. Faço questão, Sr. Vice-Governador, de que V. Ex.ª saiba mais uma vez, pois sei que V. Ex.ª tem conhecimento desses fatos. Não tenho autorização do Comando da Brigada, mas como sou brigadiano e estou a par dessas questões e problemas. A Polícia Militiar faz o impossível para não incomodar o Governo, mas passa muito trabalho, muita dificuldade, seja pelos parcos vencimentos dos cabos, soldados e sargentos, seja pelos parcos meios de que dispõe para suprir suas tarefas diárias. Não há críticas em minhas palavras, há constatações e um apelo a V. Ex.ª, que já foi Governador deste Estado, que conhece a Brigada Militar mais do que a gente. Olhe com simpatia esta Corporação, mune-a com os meios necessários para o bom cumprimento de suas obrigações. Lembre que, neste momento de dificuldade do seu governo, ela foi o sustentáculo, foi o sustentáculo no sentido da manutenção da ordem.

Fica, então, o nosso apelo de um Vereador, de um político militante de um Partido, de quem não tem autorização da Brigada Militar, mas que pode falar porque serviu 35 anos de efetivo serviço e fica aqui então justamente com este apelo o nosso desejo de que a Brigada Militar siga os seus caminhos, siga o seu destino histórico e que sua presença na história do Brasil, seja um impulso para que, daqui para a frente, ela seja mais assistida pelo Governo, e mais olhada com simpatia pelo povo, que siga a sua destinação histórica, o seu caminho e que nós próximos 100 anos possamos festejar, na Casa do Povo de Porto Alegre, os 250 anos de existência desta Corporação.

O nosso abraço a todos os brigadianos espalhados em todos os recantos do nosso Estado, pelos mais modesto município, pelo mais simples município. Guardião da Ordem, o nosso abraço Sr. Comandante, o abraço do PDT, o abraço, posso dizer, do Governo Municipal na pessoa do Dr. Alceu Collares para esta Corporação que fez história, que ajudou a fazer história, que agiu sobre a história de nossa Pátria.

Um grande abraço a todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR.PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, que falará em nome do PDS.

 

O SR. HERMES DUTRA: Exmo. Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Exmo. Sr. Dr. Alceu Collares, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Exmo. Sr. Dr. Sinval Guazelli, Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; Ilmo. Cel. PM Jerônimo Braga, Comandante Geral da Brigada Militar. Ilmo. Cel. Pedro Marcant Júnior, representando o Comando Geral do Sul, Ilmo. Cel. PM Anisio Severo Portinho, Sub-Chefe do Estado Maior da Brigada Militar; meu prezado amigo Dr. Lisboa, Promotor Público desta Sessão da Brigada já me dá a primeira alegria, vejo após 17 anos e que representa aqui o Procurador Geral da Justiça; Srs. Vereadores; Srs. Oficiais; minhas senhoras e meus senhores.

Quando já se chega ao quarto orador, não fora até o cansaço dos que ouvem, até o esgotamento das fontes de referencias que abastecem os discursos. Cabe, portanto, a este Vereador, em nome da Bancada do PDS, composta pelos Vereadores Mano José, Rafael Santos e este Vereador, trazer também a sua saudação à Brigada Militar pelos seus 150 anos. E neste improviso de coração, peço que me relevem a falha da voz, que é desculpável, ou a falha do discurso que não se desculpa, mas saibam que ele é feito de todo o coração, “ao homem fardado, de braços abertos no meio da rua, de noite ou de dia, ao homem fardado de braços abertos no meio da rua, o homem de braços abertos é mais do que uma cruz em movimento.

Lá pelos idos de 1.800 e picos, para aproveitar a expressão gaúcha, já que estamos na “Semana Farroupilha”, foi criada a nossa Brigada Militar. Certamente bem distante da nossa Brigada de hoje que já acolhe as oficiais do sexo feminino e já está pronta a colocar em ação a sua primeira companhia de policiamento feminino numa demonstração da evolução, do trabalho, e sobretudo da visão que tem a Brigada Militar dos problemas e das soluções que deve dar na sua área de competência. A Brigada existe para fazer cumprir a lei e a ordem e bem disse o Ver. Adão Eliseu que se pode até divergir da ação que ela eventualmente faça para cumprir esta sua competência, mas não se lhe pode negar esse direito-dever de cumprir a sua função.

Todos nós, duvido quem no Rio Grande não tenha um laço afetivo com a Brigada Militar. Eu quando penso na Brigada Militar, me lembro e vôo à minha longínqua Cacequi onde nasci e me criei e me lembro do destacamento da Brigada Militar que ali tinha como o Cabo Deoclides - que certamente já deve ter falecido, o soldado Anacleto, que quando podia, às vezes, até nos mostrava a forma de manusear o fuzil, para nós, guris peraltas, que invadíamos a modesta casa que servia de destacamento para a Brigada Militar. E vejo a Brigada Militar servindo no batalhão Voluntários da Pátria, na guerra do Paraguai, participando das batalhas de Tuiuti e de Avaí e de tantas outras e outras tantas que os oradores que me precederam com mais propriedade falaram e relembraram. Me lembro da BM e dos seus heróis que foram tantos que citá-los talvez necessitasse de uma lista exaustiva. E a melhor coisa que achei para citar heróis foi telefonar, hoje, para um brigadiano amigo meu e lhe pedir: cita-me 3 heróis da Brigada Militar. E ele disse-me Cel. Aparício Borges, Ten. Ary Tarragô e Cel. Afonso Emílio Massot que, efetivamente, são homens que não são só heróis da Brigada Militar, são heróis do Rio Grande do Sul, porque a história da Brigada Militar se confunde com a própria história do Rio Grande do Sul. “No meio da vida, no meio da noite, no meio da rua, há um homem fardado, de braços abertos. A cruz é a missão, é serviço de guarda, é trânsito intenso, é o homem de farda, que tem compromisso, e assume o serviço de ser proteção”.

Sr. Comandante-Geral da Brigada Militar, fico a imaginar, às vezes, o que pensa a família brigadiana, mas não a família brigadiana referindo-me à Brigada Militar como instituição; fico a imaginar o que pensa a família do brigadiano. Aquele que sai para a rua, com sol, com chuva, sem, muitas vezes, pelo pouco salário que recebe, ter deixado em casa dinheiro suficiente para que o filho compre um caderno melhor para ir à escola, ou possa atender à compra do livro que a professora pediu no dia anterior. A angústia do homem que, de farda, não difere da angústia do homem civil, é a angústia do homem do nosso século. “Na chuva, no sol, no tempo inclemente, no dia mais frio, na tarde mais quente, o homem fardado, de braços abertos, é sempre uma oferta e uma eterna doação”.

Sr. Prefeito Municipal Dr. Alceu Collares, esta Casa quer materializar a homenagem aos 150 anos da Brigada Militar; esta Casa acha que a Sessão Solene é pouco e, provavelmente, na sexta ou na segunda-feita, o mais tardar, deverá aprovar um Projeto que, por precisar de autor, é de autoria deste Vereador mas, na verdade, é de autoria de um somatório de esforços de vários Vereadores desta Casa, que autorizam o Município a construir, com a colaboração da comunidade porto-alegrense, um monumento aos 150 anos da Brigada Militar, para que a Cidade de Porto Alegre deixe gravado em local onde as gerações futuras possam-se lembrar do apreço que a Cidade de Porto Alegre que, tem pela sua força policial, pela sua Brigada Militar. E quando a Brigada Militar completar 200 anos, Sr. Prefeito, haveremos de estar todos lá ao redor do monumento comemorando o bicentenário da Brigada Militar.

A Brigada Militar, por ser militar, às vezes é criticada por isso. Mas, a força militar do País, sejam as forças Armadas propriamente ditas ou as policiais militares têm aquilo que entendo como a mais pura demonstração de democracia que é a representação autêntica do povo nas suas fileiras. A Brigada é a expressão dessa democracia plurirracial, desta democracia onde o pobre pode chegar a Coronel, onde o negro pode fazer carreira, onde o descendente de outra raça tem acesso, pode chegar aos postos mais altos. Esta demonstração, esta plurirracialidade que nós vemos é a demonstração mais cabal da íntima ligação que tem a sua força com a nossa história porque, afinal de contas, 150 anos não se faz de uma hora para outra, são 150 anos de vida, é um ano após anos e se forja ao longo desta vivência um conceito, por certo como disseram os que me antecederam, não se agrada a todos, mas se Cristo que veio na terra com a missão de salvar os homens porque demais pecavam, nem ele conseguiu a unanimidade. Que pretensão seria esta de um órgão cuja obrigação fundamental é manter a lei e a ordem, ter a unanimidade. Não é possível, Cel. Jerônimo Braga e até acho que esta unanimidade não interessa, o que interessa, isto sim, é necessário que se registre é que a atuação da Brigada Militar seja reconhecida pelas forças mais autênticas da sociedade e aquelas outras que têm lá e cá as suas divergências próprias muitas vezes de suas próprias idiossincrasias, deixemo-las, pois quem sabe até servem para que façamos um esforço para nos corrigirmos e para fazermos mais e mais melhor. Um dia acontece a violência do mal: “o homem fardado de braços abertos no meio da rua, seu altar de holocausto, parece crucificado, também”.

Não sei se houvesse um local para inserir o nome de tantos quantos morreram no cumprimento do dever, não sei que tamanho teria. Mas sei que atrás daquele local teria uma coisa pior que o tamanho daquele local: teria a dor e o sofrimento e, sobretudo, a falta de condições da família que ficou daquele que tombou. O nosso Estado é ingrato e não reconhece, nem dá valor, não lembra de quem morre em serviço, deixa uma filha, duas, três, uma esposa, são filhos que precisam ser alimentados, educados, até poderem ter condições de sobreviver com suas próprias mãos. A isso o Estado faz ouvidos moucos e a mísera pensão, muitas vezes disputada através da dura burocracia oficial, sequer dá para pagar o mínimo necessário para que se sobreviva de uma forma digna.

É essa Brigada, é esse soldado que, hoje, nestes 150 anos queremos saudar. Saudando-a entendemos que estamos cumprindo com a nossa obrigação, porque infeliz da comunidade cujos representantes não tenham a grandeza e a coragem de reconhecer a quem merece. E às vezes, até com um grau de incompreensão. Mas, isso é parte da vida, essas coisas, às vezes, até servem para embelezá-la mais.

Fui buscar, Sr. Comandante da Brigada Militar, Srs. Vereadores, também, em outro brigadiano, de quem entremeei o meu improviso com alguns versos de um poema seu, o Major José Hilário Retamosso, e quero terminar este modesto pronunciamento com o fim do seu poema: “De Braços Abertos”:

“Mas, quando amanhece,

outro homem fardado no meio da rua,

no mesmo local, caminha sereno

de braços abertos e assim permanece...

 

Há um homem fardado

de braços abertos, no meio da rua”.

Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, concedemos a palavra ao Ver. Clóvis Brum, que falará em nome do PMDB, com assento nesta Casa.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nesse momento, em nome do PMDB, desejo transmitir a nossa saudação à Brigada Militar por ocasião dos seus 150 anos de existência. Ouvíamos, há pouco, no discurso filosófico e belíssimo do Ver. Raul Casa, no discurso do dia-a-dia do Ver. Jorge Goularte, no discurso do próprio PM, Cel. Adão Eliseu, no discurso, quase poético, do Vereador que me antecedeu. Ouvíamos, víamos e sentíamos, nestes pronunciamentos uma força mística, uma sintonia, uma música, uma melodia, as notas por assim dizer, daqueles que melhor do que nós, sentindo o dia-a-dia da nossa sociedade, representando esta sociedade, procuravam tributar a sua homenagem ao homem da Brigada Militar. E, preocupavam-me, algumas colocações. Será que, verdadeiramente, esta homenagem se deva ao homem da Brigada Militar, ao integrante da Brigada Militar, ou alguém mais corajoso que esse integrante ou alguém que compõe um número maior do que esse integrante, que é a família do brigadiano, essa mulher maravilhosa que tem alguma coisa dos anjos, pela imensidão dos seus cuidados. E eu dizia mais, que essa mulher tinha alguma coisa dos pássaros, que se orientam no meio das tempestades, pois o dia-a-dia do brigadiano, não é reconhecido, ou questionado, por uma significante parcela.

O dia-a-dia do brigadiano, reconhecido, vivido, homenageado pela significância, pela expressão da sociedade Porto-alegrense e do Rio Grande do Sul, é alguma coisa que nos assombra. E, dizia o Ver. Jorge Goularte que falava como Sargento, pois eu falo como ex-Sargento de dez anos e meio de caserna. E, nas nossas discussões, o querido Presidente, Brochado da Rocha, diz que não entra em briga de sargento. Pois, Ver. Brochado da Rocha, neste momento, o PMDB homenageia a Brigada Militar através de um integrante seu que viveu o dia-a-dia da caserna. E acredite, Comandante do Comando do Sul, representado pelo Cel. Pedro Marcant Júnior a Câmara de Porto Alegre ao tributar esta homenagem à Brigada Militar, manifestou, através de alguns dos seus integrantes, precisamente quatro integrantes, quatro Líderes de Partidos que só têm um integrante, o desejo de não participar da homenagem. E aí, a frase do Vice-Governador é sábia: “Em política, nem sempre a soma é a soma aritmética”. A sociedade de Porto Alegre está aqui presente para homenagear a Brigada Militar.

Mas, ao falar, me dirigi ao Comando-Geral do Sul para dizer que pretendo requerer minha medalha de dez anos de serviço prestado ao Exército Nacional, que não a recebi e que pretendo recebê-la. Aliás, o Ver. Adão Eliseu referia que a Brigada Militar havia cumprido a sua missão, certa ou errada, mas cumpria uma missão delegada. Devo dizer que, no somatório da nossa conta corrente, da existência humana, os homens realmente passam, as instituições, realmente, essas não passam. A Brigada Militar não passou. Continua aí a cada dia, a cada momento, a cada noite a prestar um serviço importante. O Exército Nacional também não passou, porque foi vigilante, porque foi atento no período da transição e na posse do atual Presidente da República.

Acho que o somatório das nossas Instituições dizem que este é um País verdadeiramente cuidado por São Pedro. Nos momentos mais sérios, mais críticos sempre surge uma solução e que, em última análise, beneficia a sociedade. Mas dizia o Vereador que me antecedeu que o monumento onde se procurar sustentar, se colocar o nome daqueles que sucumbiram no cumprimento do dever, atrás desse monumento teria uma listagem maior daqueles que ficaram e que, evidentemente, eram dependentes dos homens que, ao longo de suas atividades, pereceram. Pois eu digo mais. Eu não tenho qualquer constrangimento, Coronel Geral da Brigada Militar, em dizer que esta homenagem, é o reconhecimento pelo trabalho correto, pelo trabalho humano e justo do brigadiano, que é o advogado, o produtor e o juiz. Esse mesmo brigadiano que em milhares de ocasiões assume esse papel. E ele na sua simplicidade, às vezes, resolve com a sabedoria dos magistrados.

Pois muito bem, apesar de todo esse elenco de virtudes que a Corporação e os brigadianos têm, eu registro uma homenagem importante, como ponto mais alto desta homenagem que a Câmara presta: o reconhecimento pelo trabalho anônimo que a família do brigadiano presta também à sociedade. Alega-se falta de condições, de recursos, salários baixos essa gama de problemas enfrentados pelos brigadianos, a falta do dinheiro para deixar, muitas vezes, até a alimentação da própria família. Nada disto tem sido obstáculo para que o homem saia espiritualmente alimentado do seu lar. Graças à coragem, à dignidade e às virtudes de sua família. Se é verdade - e esta frase é comum - que atrás dos grandes homens sempre há uma grande mulher, eu quero dizer que o lar do brigadiano é rico nesta virtude. Eu, particularmente, conheço muitos integrantes da vossa Corporação e sei do sacrifício que muitas famílias e seus integrantes passam. No entanto, estes problemas não são levados para o dia-a-dia do brigadiano. E, nesta Casa, tem-se travado, às vezes, discussões sobre o comportamento da Brigada Militar, esta mesma Brigada que soube se comportar com grandeza e que mereceu do novo Governador, da sua equipe administrativa e do PMDB o mais profundo reconhecimento pela sua atuação no começo do nosso Governo. Naqueles momentos da greve dos funcionários, quer estaduais, quer municipais, procurando a Brigada Militar se portar com grandeza num momento difícil em que assumíamos o Governo do Estado.

Eu relembro, agora, Sr. Comandante Geral, o meu discurso, do ano passado, eu dizia que a Brigada Militar, os integrantes da Brigada Militar deveriam estar preparados para as transformações que viriam. As transformações estão vindo, elas estão chegando. O Rio Grande do Sul não pode parar. A Brigada Militar não pode parar. Uma coisa é certa, falo como PMDB, o Governo do Estado está ciente, o Governo está ciente, o Secretário de Segurança Pública está ciente das gravíssimas dificuldades que vive a Brigada Militar. E mais do que isso, do papel importante que a Brigada Militar desempenha na situação atual nestes momentos difíceis por que passa a economia brasileira.

A homenagem ao Comandante-Geral, a sua Corporação, aos brigadianos do Rio Grande do Sul, na certeza absoluta de que a Brigada Militar, que consegue ultrapassar uma existência de mais de um século e meio por certo se não fossem as suas virtudes não haveria de chegar a tão longa existência, com tantos serviços prestados, com tantos exemplos e tantos heróis. Mas as homenagens da Brigada, Sr. Comandante-Geral, não se dá só nesta hora e neste momento; elas ocorrem no nosso dia-a-dia. Quando se questiona o comportamento da Brigada, é numa invasão e quando se defende esse comportamento, é no cumprimento da Lei. Quando se tenta trocar o nome de um herói da Brigada Militar por outro nome, e se vai a uma discussão exaustiva, até altas horas da noite, para que o seu representante, para que o seu herói continue com o seu nome emprestado a uma via pública, nesta Capital, finalmente prevalece o justo, a Câmara rejeita e continua a Rua Tenente Ari Tarragô. A homenagem à Brigada não é agora, não é só agora, Ver. Jorge Goularte, autor desta grande oportunidade, mas é no nosso dia-a-dia. É quando se vê o brigadiano na rua, é quando se vê o soldado na vila correndo atrás do assaltante que há pouco atacou uma velha na esquina do Supermercado Dosul, e que esse homem, correndo atrás do assaltante, não sabe se volta ou não com vida. A homenagem à Brigada Militar se dá a todo momento, Comandante Braga, acredite. Ela ocorre na nossa testemunha diária, nas nossas atividades. Por isso, nós nos habituamos a dizer que somos quase parte dessa Brigada. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Cel. PM Jerônimo Braga, Comandante-Geral da Brigada Militar.

 

O SR. JERÔNIMO BRAGA: Exmo. Sr. Ver. Brochado da Rocha, DD. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Sinval Guazelli, Vice-Governador do Estado; Cel. Pedro Marcant Júnior, Representante do Comando Geral do Sul; Cel. PM Anísio Severo Portinho, Sub-Chefe do Estado Maior da Brigada Militar; DD. Dr. Lisboa, Representante do Procurador Geral da Justiça; Exmo. Sr. Alceu Collares, DD. Prefeito Municipal.

Ao agradecer a homenagem que a Câmara Municipal de Porto Alegre presta à Brigada Militar, quero, em primeiro lugar, pedir-lhes desculpa pela má qualidade do orador.

Caríssimo brigadianos dos 150 anos! Na verdade, este momento de homenagem demonstra que o serviço da Corporação é um serviço, em primeiro lugar, municipalista, porque o nosso homem, diuturnamente, está nas ruas da Cidade, no risco da proteção aos munícipes desta Cidade. E, em assim compreendendo isto, ficamos duplamente honrados pela lembrança dos Vereadores desta Casa e mais honrados ainda pelas palavras dos Vereadores que aqui me antecederam, de elogio, de exaltação à Corporação, de compreensão do seu papel e de otimismo à Corporação.

Mas é importante que, na oportunidade, possa eu, na qualidade de Comandante Geral da Corporação, dizer-lhes alguma coisa do que nos passa na alma, algumas coisa que, no dia-a-dia acontecem, coisas daquilo que fica só intra-muros da Corporação e, especialmente, daquilo que nos vai de emoção, de orgulho por vestir esta farda. E o momento dos 150 anos é, acima de tudo, o momento da responsabilidade de repassarmos às gerações futuras o que de digno, o que de elevado, o que de belo recebemos dos nossos antepassados que, pelo seu trabalho, permitiram, ao longo destes 150 anos, o crescimento do respeito de toda uma população a uma só instituição como a Brigada Militar, resultando iniciativas como a que aqui se desenrola. E esses valores crescem e tem significado especial se compreendermos que o homem fardado, o brigadiano, o homem que veste esta farda aqui, ele nasceu lá, na coxilha do Rio Grande, lá na grande cidade como Porto Alegre, em todos os recantos do Rio Grande do Sul, junto com todos os seus irmãos, e que a uma quadra da vida de gaúcho que é, decidiu vestir esta farda. Somos todos irmãos do mesmo berço, com a mesma cultura, com a mesma vontade, com as mesmas tradições e com os mesmos princípios, de respeito, de decência, e de vida e com a mesma capacidade e possibilidade de acertar e de errar. O que acontece, conosco, da Corporação, é que os nossos antepassados nos legaram uma tradição, uma estrutura, uma força moral que hoje nos é inalienável e em cima da qual nós montamos os nossos alicerces de vida. E a Corporação, hoje, ao agradecer esta homenagem dos digníssimos Vereadores de Porto Alegre, não poderia deixar, através de minha palavra, de contar esses detalhes, porque é a forma pela qual nós podemos agradecer esta hora, este dia. A sociedade de hoje, o momento social em que a Nação brasileira vive, é um momento de transformações, como disse o Vereador que aqui esteve, e as transformações levam, fatalmente, aos agregados, às sociedades, até no seu processo de ajustamento, a não compreenderem ou a entrarem em processo de não-compreensão do que seja liberdade democrática. Às vezes, encontramos muito, em nome dessa liberdade democrática, a busca do direito de ter direito de impedir os outros do direito dos outros e eu explico como vemos isso. O indivíduo vai à rua exigindo direito de se manifestar e impedindo o direito do outro de se manifestar. E aí, entra o papel da Corporação e a Corporação, em nome da Lei garante o direito de todos: o do indivíduo que quer fazer greve e do que não quer fazer greve. Neste choque é que especialmente nesta quadra da vida da sociedade brasileira encontramos as principais reclamações da Corporação. E essas reclamações do erro possível que possamos cometer, por humanos que somos, advindos da sociedade, compreendemos como a busca do acerto até como uma demonstração de apreço por uma Corporação centenária a qual a população, como um todo, quer ver sempre acertar. Mas jamais compreendemos e jamais compreenderemos a exploração disso como instrumento político.

É por isso eu preciso constar aos senhores em agradecendo esta homenagem, os detalhes da emoção que nos vai na alma. A carência de material, a carência de instrumentos para prestarmos mais serviços à população provoca uma emulação de tal forma que nos superamos no cumprimento do dever e vemos como prova disso o sargento que quarenta dias exatos, antes de passar para a reserva, joga-se em holocausto na defesa da sociedade, na defesa de um seu companheiro e morre. E lá naqueles momentos, no cemitério, nos momentos em que aquele homem está sendo enterrado, nos momentos em que a conversa ao redor é o de espanto, é o de dizer: “Mas por que ele foi à frente?” Da sua guarnição? Se a quarenta dias ia embora, se a quarenta dias ele já tinha programado que ia para a casa dos pais, lá no interior do Estado, passar o primeiro mês de aposentado juntos. Por que ele, como primeiro Sargento não ficou atrás e mandou a tropa na frente? E entre os tiros da guarda fúnebre e os gritos de sua mãe, ouvíamos o continuar estarrecido das pessoas que sobre isso falavam, porque quanto mais emocionante o momento, mais as pessoas se lembravam disso. E vinha-nos à mente, naquele momento, até impedidos pela emoção de falar, lembrávamos tantos outros casos assim, como o Sargento do 1º Batalhão que, ao tentar apartar uma briga entre marido e mulher levou um tiro e está paralítico, vai ser aposentado. Não pode mais trabalhar. Está condenado o resto de sua via a ficar numa cadeira de rodas. E ficamos pensando, realmente, meus caros Vereadores, o que estarão, neste momento, pensando os pais, as mães, as esposas e os filhos dos doze homens que morreram baleados, esfaqueados ou atropelados este ano? Dos 63 homens, desde o dia 1º de janeiro, feridos dos quais 22 estão ainda numa cama de hospital.

Na alma da Corporação, em que, às vezes, perplexo o homem humilde, que saiu lá da vila para vestir esta farda, está na rua, ali de braços abertos, ele se pergunta: “Será que ninguém vai dizer “obrigado”, hoje você trabalhou bem! Será que a sociedade só se lembra do erro de um? Hoje a corporação põe, por dia, em todo o Estado do Rio Grande do Sul, 8 mil homens, permanentemente em serviço. Esta perplexidade da alma e do coração brigadiano fica somada ao valor que recebemos dos antepassados e serve de emulação para seguirmos a mesma trilha, onde esta tropa toda, humilde, com todos os seus problemas, com todas as suas necessidades, pela instrução, pelo ensino continuado, pelo acompanhamento continuado, consegue vir ainda à rua e dar uma resposta. Isto faz com que nós, da Brigada Militar, neste dia e nesta hora, aqui, nos sintamos orgulhosos por esta homenagem. Esta homenagem é a resposta que aquele homem humilde pergunta às vezes, perplexo, ao seu Comandante e companheiro, esta homenagem é repassada por todos nossos meios de informação interna a toda a tropa. Estes momentos ajudam, verdadeiramente, pelo reconhecimento à emulação da nossa organização. E mais: li hoje perplexo, nos jornais, de que já deveria estar havendo, não tinha eu conhecimento disto, bastava, para resolver o assunto, tratar com a Brigada Militar, da fazenda da Brigada Militar de Passo Fundo, de mil e poucos hectares para distribuição aos sem-terras. Nada temos contra os sem-terras. Mas saibam os senhores uma coisa: aquelas terras, em Passo Fundo, são produtivas, e só de erva-mate tem quase 2 mil pés produzindo, e tem, além do gado, a cavalhada para policiamento a cavalo. Ela não foi comprada pelo Estado, foi comprada há 40 anos atrás, com desconto diário do soldo de cada soldado do 3º Regimento de Cavalaria; foi comprada por eles e isto acontece até hoje quando há necessidade de que a Corporação tenha mais alguma coisa, não é raro ver o desconto de cada um dos membros da Corporação, voluntário, para que a sua Instituição cresça. A colaboração da comunidade para arrumar as viaturas é ótimo, mas se encontra também, lá em não raros locais, o soldado que comprou do seu bolso o platinado que faltava para a viatura. Assim aconteceu lá com Passo Fundo. E nos vai na alma este susto, será que ninguém compreende o nosso esforço, e agora não valeu mais nada aquele esforço? Será que só a demagogia da busca de outros interesses é que está valendo? Não, não é. Nós sabemos que não é. Da mesma forma vejo hoje na última edição da revista “Veja” uma fotografia na janela de um conjunto invadido, dizendo que o soldado também invadiu o conjunto. Faça-se o inquérito; o inquérito vai chegar à conclusão. E se for verdade, o que eu faço? Puni-lo de acordo com o regulamento e tirá-lo lá de dentro. Agora já me informaram o seguinte, que o que possivelmente tenha acontecido com este soldado é que ele correu para garantir o apartamento dele que ele já estava na lista e que iria perder. Mas não deixará de ter sido invasor e vai ser expulso. Essas coisas fazem sofrer a alma brigadiana, mas servem evidentemente para emulação de nossos valores, porque no final dos tempos e a cada 50, a cada 100, a cada 150 anos, senhores, pela bondade e pela honra do momento, queremos voltar aqui e dizer: cumprimos com o nosso dever dentro da retidão que a lei determina. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Meus Senhores, na qualidade de Presidente da Câmara de Vereadores, cabe-me encerrar a Sessão, no entanto, queria, sobretudo, levar ao Cel. Jerônimo Braga, uma vez mais, o apreço que as lideranças desta Casa expressaram e também dizer que a unanimidade é mais própria dos cemitérios do que do quotidiano de cada um de nós.

Quero, também, dizer que esta homenagem, requerida pelo Sr. Jorge Goularte, traduz o que a Casa recebe de solicitações no seu dia-a-dia, no sentido de providenciar que um destacamento da Brigada se faça presente, quer nas camadas mais pobres, quer nas camadas mais ricas da sociedade, indistintamente. De outra forma, quero dizer que não entendo, Cel. Jerônimo Braga, a vida pública - que é a vida dos Senhores - sem críticas. É própria da vida pública a crítica, ela é a essência da vida pública e temos, nos novos tempos, de nos acostumar com ela porque faz parte da alma de cada um de nós, perquirindo e insistindo em busca de melhores tempos, em busca de melhores eras. Quero, no entanto, usando talvez de uma faculdade que não deveria usar, depor um só sentimento: é verdade que já estive muitas vezes ao lado do Comandante-Geral da Brigada; é verdade que outras vezes já estive nas ruas vendo cerceada a minha liberdade pela própria Brigada; mas é verdade que em todo esse tempo, e juntando aquelas graças que recebi da Brigada com aqueles dissabores, na Brigada vejo um só curso e que ela nos ensina que é quase uma coisa muito próxima do Rio Grande e que mostra a sua vinculação com o Rio Grande, todos nós, eventualmente, circunstancialmente, poderemos concordar ou discordar com a Brigada Militar, é irrelevante. Agora, todos nós sabemos de uma coisa, numa situação ou noutra a Brigada é extremamente leal. Esta lealmente que eu aprendi e que cultivo é, talvez, o maior sentimento de gratidão que tenho com a Brigada Militar. Nas boas ou nas horas ruins a Brigada é extremamente leal. Há circunstâncias, momentos, governantes, as estratificações sociais não interessam, mas a lealdade é - talvez para uns e seguramente para mim -, o mais forte sentimento que trago e registro da Brigada Militar. Onde estiver um brigadiano podemos discordar, concordar, é irrelevante, mas, sabemos que, a lealdade está presente e isto faz parte das tradições do Rio Grande, faz parte da nossa bandeira, nos somos “Mui leal e valerosa Cidade de Porto Alegre” e por isso tudo, talvez, seja uma homenagem quase unânime da Casa. V.Exa. que teve, neste dia, a honra de dirigir os trabalhos, sucedendo vários colegas seus e alguns oficiais e militares da Brigada que estão aqui presentes, recebam não a nossa homenagem, mas recebam a homenagem do dia-a-dia do povo desta Cidade que está a requerer os serviços de todos os senhores. Traduzindo, apenas, aquilo que nós é solicitado no dia-a-dia da forma mais simples, da forma mais singela como são nossas solicitações à Brigada Militar. Por isso um orador disse que não era um dia de homenagem só à Brigada, quero crer que a maior homenagem que nós prestamos à Brigada Militar é quando solicitamos, insistentemente, se faça presente aqui ou acolá atendendo ao pedido dos nossos munícipes.

Por tudo isso, Cel. Jerônimo Braga, leva da Câmara Municipal de Porto Alegre, não só o afeto, mas sobretudo o dia-a-dia que esta representa: a aspiração do povo de Porto Alegre no sentido de que a Brigada não resolva os nossos problemas, porque ela não é mágica, mas que ela tenha a lealdade que coloquei acima de qualquer coisa.

Nada mais havendo a tratar, estão levantados os trabalhos.

 

(Levantam-se os trabalhos à 18h28min.)

 

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